Muito além de unir cores e formas com uma agulha e uma linha, o bordado é a arte de reunir pessoas. E foi isso que aconteceu na tarde do dia 28 de outubro, em uma roda de conversa recheada de poesia e sentimento na Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS), equipamento da Secretaria da Cultura (Secult) gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).
A presença da artista visual e bordadeira Martha Dumont atraiu muitos(as) interessados(as) na arte do bordado e na história dos Dumont, de onde surgiu o renomado Grupo Matizes Dumont, formado por uma família de quatro gerações de bordadeiras da cidade de Pirapora, Minas Gerais. Martha falou de sua experiência de vida e de como sua família vive o bordado com afeto, retratando a natureza e a realidade fantástica do imaginário popular.
O grupo é reconhecido e premiado mundo afora, tendo integrado exposições em todo o Brasil e no exterior. Durante o encontro, foram exibidos filmes documentários sobre a trajetória do Matizes, retratando como a relação familiar e o lugar onde vivem está presente nas obras do Grupo. “A natureza e um olhar sensível são fatores que nos estimulam a bordar”, revela Martha. O bordado espontâneo e livre, sem uma forma pré-definida, e feito de maneira compartilhada entre as irmãs, que muitas vezes dividem o trabalho de uma mesma peça, foram ressaltados por Martha ao longo da conversa.
Amanda, iniciante no bordado, revelou sua alegria em ter participado da Roda. “Foi um encontro acolhedor. Saí daqui querendo aprender mais, querendo fazer. Nos conectarmos diretamente com pessoas que você admira, como a Martha Dumont, estimula muito você a aprender”.
Para Marley Uchôa, coordenadora da EAOTPS, a Roda de Conversa foi mais um momento importante no trabalho da Escola de valorização e difusão da técnica tradicional do bordado. “A Escola é um espaço que favorece o aprendizado dos ofícios tradicionais, como o bordado, e a Martha tem um papel importante, não apenas pelo que ela representa, mas também por já ter participado das formações oferecidas pela EAOTPS. Muitos dos(as) nossos(as) alunos(as) hoje vivem do bordado por terem se inspirado nos aprendizados obtidos com ela”, ressalta.
O papel da EAOTPS como um local de valorização da arte do bordado também é referendado por Martha: “A Escola é uma das coisas mais bonitas que conheci na minha vida. Eu sempre falo que venho numa maior alegria para cá, porque tem uma energia legal e uma promessa de transformação das pessoas”.
Aos que desejam ingressar na arte de entrelaçar linhas, Martha diz não haver segredo: “Basta curiosidade e alegria. Bordar é exercitar uma memória afetiva. É uma forma de expressão. É um grande encontro mágico, porque oferece a possibilidade de você, através da agulha e da linha, transformar o mundo e se transformar. E quando você gosta e é livre, bordado vira arte”.